No fundo, acha isso mesmo?/O que você vê?

setembro 02, 2010

Metamorfose

Forrou a cadeira…
A leveza a envolveu como um manto delicado sobre a pele.
Puro instinto
Ligação…
Já nem lembra mais dos frutos ardidos dos anos vividos.
É tanta coisa…
De um tempo que nem existiu
Que nem sabe se pontua com vírgula ou melhor seria um ponto final…
É passada a sensação de palavras perdidas pelo chão
E teve a coragem de girar e girar ao vento,
Voltou e voltou
Voou.
Seu corpo estava agora aquecido.
Feixe de luz que gera a dança das águas…
Ignorou o cansaço, não sentiu medo, frio ou insegurança;
Quis ser ela mesma.
Quis ter orgulho de ser o que é e o que será do que já é.
Liberdade que vem te abraçar…
Uma vida feita de momentos
Momentos feitos de vida
E acreditou…
Acreditou.

CX.
26/8/2010

Rascunhos

É madrugada e ela
Flutua…
Carrega uma alegria eufórica,
Nostalgia delicada e
Tristeza inesperada.
Foge às regras, mas persiste em tentar seguí-las…
Segue o instinto, e por ora, acha que ele nem a acompanha.
Sorri, esta é a sua cura e a sua fuga.
Pensa demasiadamente e com demasia também deixa de pensar…
Moradores antigos circulam em um turbilhão de linhas que trazem os pensamentos.
Olha tão longe e sente-se distante de tudo.
É a vinda do conforto
Quando possivelmente os sonhos são o dever de viver feliz.
Sabe que tem coisas que precisam ser feitas ou ao menos acha que elas deverão existir.
Na existência do ser e estar conhece pessoas, sorrisos iluminados e pesados, abraços momentâneos, olhares cruzados, repentinos ou que não compõe suas páginas.
Histórias, choros, surpresas, ansiedade, decepção e esperanças…
Continua a esperar o pássaro que lhe portará um segredo todo iluminado, repleto de bondade e de bem-querer.
É madrugada, volta a dizer…
Recordações, rio renovador, terra, cheiro de grama verde e lágrimas de felicidade.
Em meio a tudo isso a busca.
Música que vem e volta…
E não sabe nem da ida e do retorno.
Cores misturadas com mistério.
Insônia e inspiração.
Coração…

CX.
Ago/2010

maio 18, 2010

Breve assim

E no compasso, tudo passa
Desespero que não espera
Levemente o corpo descansa
As mãos se tocam
Pensamento vagueia
Agitação passageira
Que pouco a pouco se contenta,
se comove, se consola, se entrega.
Passagem tumultuada
Que em meio ao caos transforma.
Mais fácil é o sossego
Travesseiro
Enquanto as bocas se tocam
Enfeita o sonho que se sonha junto

CX.
24/03/10

março 03, 2010

Bossa da efemeridade

Da um pouco que não escrevia…
Gota d’água;
Acompanhamento desacompanhada
Sensação preenchida.
Seguir o vento, o ritmo, o pulso e o impulso.
Faz o caminho sem ter a certeza;
Livre o percurso,
Não tão livre assim.
Não aguenta mais
Já não consegue chorar
Às vezes abraça, às vezes precisa de um abraço.
Não é egoísmo estar sozinha,
Conhecimento.
Caixa perdida de pensamentos…
Mas no igual busca fazer o diferente.

CX.

janeiro 12, 2010

Sabor de Infância

Despertar de passarinho
Infância adormecida
Estrela de tantas pontas
Num edifício cheio de janelas.
Lá atrás tem limoeiro, pitanga e acerola… pra fortificar!
Esperança cresce, cresce, cresce
Mas nunca tem fim.
(E que bom que não tem fim!)
Já deixou os óculos e passou a enxergar
Olha com olhar da beleza.
Vai comprar a dúzia de ovos que Celinha vai cozinhar
Prepara a torta de morango,
Vermelho pra alumiar!
Bota música e o coração no alto
E pede pra Santo Antônio ajudar
O moço agora virou pai.
A pipa continua no céu.
Café com leite, preto e branco
Mistura as cores, vira
Fotografia
Atrás do palco tem gente estranha
Cheia de dor, cheia de amor, de idéias e de bem querer.
Maciez.
Despertador tocou.
Acorda não, deixa a menina dormir!


CX.
2009...

setembro 08, 2009

Aconchego

Ela sentiu o vento soprar em seu rosto.
Ele sussurrou pequenos segredos em forma de doçura e então ela pôde ser conduzida por uma leveza inexplicável.
Tocou sua nuca e com o dedo indicador fez círculos em um punhado de fios de cabelo.
Foi abraçada em pensamentos.
Fechou os olhos e deixou-se levar.
Era como se estivesse lá e não estivesse.
Não sabia explicar.
Cruzou paredes, desceu escadas, apertou-lhe a mão.
Desejou ser mãe. Quis ser filha.
Notou que na tristeza dos acontecimentos tornava-se mais sensível...
Não que se ausentasse na alegria. Mas nos dias com menos cor, era reflexiva.
Emocionava-se com a criança que havia oferecido-lhe ajuda naquela tarde.
Foi fotografada para não ser esquecida, para ser uma lembrança. E ficou feliz.
Subiu na pedra e espiou o outro lado.
Saiu correndo para apanhar o trem.
Ligou para casa. Mas lá ninguém estava...
E seguiu.
Ela gosta do caminho que vem pela frente.
Gosta da vida e de todos o seus componentes.
Ele?
Ela acha que nem sequer existiu...
Na verdade não sabe.
Mas prometeu a si mesma a aprender a amar.

CX.
Há muito tempo atrás...


setembro 24, 2008

Vereda...

Infelizmente ou felizmente aprendemos que a maior parte das coisas que queremos fazer só depende de nós mesmos.
Que passamos a saber ainda mais da importância de tantos fatos, acontecimentos, pessoas e ocasiões quando eles já não estão mais tão presentes.
Que às vezes aquilo que sempre sonhou é invadido por algo e pode vir a competir com outro desejo quase que inegável. E é preciso saber escolher ou simplesmente escolher entre um e outro.
Que aquela amizade de anos vai continuar a ser uma amizade de anos, se assim ambas as partes permitirem.
Que somos sempre novos para tentar outros caminhos, mas que é necessário começar a agir, sempre e logo.
Que tentar se achar, não quer dizer que está perdido, mas que está buscando se encontrar. E um dia vai ter a resposta do que procura.
Que a vontade de construir uma família não é uma bobagem. É o desejo da troca, do cultivo à herança do amor e do respeito.
Que sentar na grama, em meio às árvores, pode fazer bem e renovar.
Que devemos ter cuidados com a língua portuguesa, ao falar e ao escrever. Afinal, é a nossa língua!
Que os sentimentos devem ser ditos, e obviamente sentidos, se assim conseguir. Mas há ao menos que tentar!
Que crianças precisam de atenção. E o crescimento e desenvolvimento delas dependem de nós.
Que fome nem sempre é só fome, pode ser ansiedade.
Que beber água faz bem, mas muitas vezes nos esquecemos disso.
Que nem sempre aquilo que tem extrema relevância para você, terá para outra pessoa e que se deve diligenciar em não chatear-se.
Que uma flor é um pequeno ser "humano", só que com um tempo de vida reduzido. E se tratássemos os nossos semelhantes como as flores, haveria mais harmonia entre todos; pois uma coisa é fato: não sabemos com precisão o que acontecerá amanhã...
Que é imprescindível ir ou ficar... mas continuar.

CX.
23/09/2008


junho 24, 2008

Continuação...

Agora o sol já não acorda o sono da Primavera.
É a hora da luta a favor dos sonhos que a vida não cessa de contrariar.
Já é possível ver ao longe a bicicleta que acompanhou-os durante tanto tempo encostada em um canto. Basta fechar os olhos e sentir a nostalgia daquele céu estrelado tão gracioso.
Há quatro anos chegavam em uma cidade desconhecida, com a incerteza de que estavam tomando a melhor decisão.
Muitos gostaram, muitos reclamaram, muitos ficaram e outros foram embora.
A escolha foi feita.
Amadurecemos, um novo mundo foi inserido como um desafio, compreendemos o significado da palavra distância, da noção da amizade, dos aprendizados das salas de aula, das viagens e das visitas.
O mundo encantado nem tão somente encantado se despede.
Pensamentos e sentimentos ficarão.
E podem voltar aos seus lugares.

CX.

junho 11, 2008

Com final, confinada.

" E o dia começara...
Ainda portava os olhos inchados da noite anterior, dos dias que íam seguindo.
À noite passou a roubar-lhe o sono.
Pedia um conselho às estrelas e desejava um abraço da lua.
Remetia-se repentinamente ao tempo da inocência, onde os sentimentos nem sequer doíam.
Girava pela sala e cantava só. Inventava um passo. Gostava de sentir a vibração de sua própria voz e estar com ela mesma, vez em quando.
A escrita é a representação de uma fase, como a tatuagem desenhada no corpo.
Ao entardecer costumava parar no quintal e admirava as roupas estendidas no varal. Não entendia o porquê disso tudo, mas a fazia lembrar de algo terno, com cheiro de felicidade, algo onde esteve ou onde vai estar.
Sentia que sentia a falta da falta. Lacuna espaçada.
Quando criança tinha oito filhos imaginários que compunham sua infância, faziam-na companhia. Os bonecos também tinham vida para ela. Adotou até um inseto e passou a observá-lo. Mal de único filho. Não se sabe.
Lembrou-se de uma casa não acabada e do sol se pondo por detrás.
O rio da água azul.
Espelho d'água que leva embora as mágoas.
Desejava penetrar numa nuvem branca do céu.
Lastimou o gosto da amargura por àqueles que não sabem sorrir.
Conversou com a inquietude e pediu para ela partir.
Rogou à paz e à pureza dos atos e pensamentos para que ficassem mais um pouco, mais um pouco e mais um pouco..."

CX.
11/06/08

junho 09, 2008

" Um poeta é a coisa menos poética do mundo, porque não tem identidade - está continuamente a enformar e a preencher uma outra pessoa"

Wellek e Warren.

maio 15, 2008

Quinta-feira

Assim.
Quis escrever.
Assim como quem não quer nada e quer tudo.
Sem presunção, apenas com o acréscimo de atenção ao que está enlaçado.
Como uma necessidade de ânimo. De força. De amor. Como a carga coraçãolítica que precisa ser abastecida.
E a solidão daquilo que ainda nem existiu.
Já pode ver ao longe a bicicleta encostada no canto. Visualizar as fotos envelhecidas mais envelhecidas.
O vento que vai sempre estar lá. A sensação de que carrega todas as lembranças, todos os cheiros, todas as pessoas.
Pensa em todos os amores que podiam ter sido e não foram. Ou não podiam ter sido.
Atravessa a rua com os olhos na direção de outra vida, outro lugar.
Já consegue engolir o choro. Fazer o bolo.
A conversa a princípio sem propósito.
Mistura de fatos.
O mar. Navio seguindo ao longe.
A mata misteriosa. O tombo, a queda.
Uma história.
A medição da dimensão do progresso.
Mas ainda é necessário um coração. De um não. Do próprio. Do dela. Resguardá-lo ou talvez recuperá-lo.
Assim.
Talvez. Talvez sim.
Feche a porta ao sair.

CX.
15/05/2008

novembro 30, 2007

Vindouro

Vai ser melhor quando cada ser humano não pensar só em si mesmo; quando existir boas intenções sem o desejo oculto de se querer algo em troca ou de se lucrar com algo. Quando o sorriso dado fora de casa for verdadeiro; quando os trabalhos voluntários tornarem-se mesmo voluntários; quando a vontade for maior do que a preguiça; quando a fofoca virar segundo plano; quando o amor fizer jus à palavra amor; quando o aluno for interessado; quando a mãe que coloca a criança para trabalhar no farol passar a zelá-la mais; quando todos sentarem na mesa para fazer as refeições; quando a ajuda vier sem precisar pedí-la; quando a confiança entre as pessoas realmente existir; quando a verdade se sobressair sobre a mentira; quando se pensa na bondade e se age com bondade; quando a inveja perder o seu significado; quando estourarmos as muitas bolas de sabão que deixam os sonhos ficarem vagando dentro delas; quando o abraço for bem apertado e caloroso; quando o olho no olho for mais importante do que a roupa que se veste; quando o pai lembrar do filho; quando o automóvel for só um meio de transporte e não uma condição social; quando o amor-próprio for maior do que a humilhação, sem a presença do narcisismo; quando o pássaro for solto; e quando houver ao menos a esperança de acreditar que tudo isso um dia seja real.

CX.
Set/07

novembro 26, 2007

...Lá vem ela






Já tinha essa idéia fixa na cabeça…
O ar de quem anda como quem pisa nas nuvens constantemente.
Não era um tango, um jazz, um blues ou algo assim,
Talvez milonga; longo esse caminho de sonhos.
Descia as vielas de Paris e se sentia entre os personagens de Alice no País das Maravilhas .
Não era a Alice, Marilyn ou Diana.
Continuava o seu percurso com seus sapatinhos brancos de boneca.
Sacre Coeur, Montmartre, o carrossel, Moulin Rouge, as lojas de artigos eróticos, suas cabines e nela seus frequentadores que procuram inconscientemente sufocar o aperto, não percebem que assim sufoca-se a esperança. Objetos que satisfazem o que se quer esconder: a insatisfação e o medo da procura de achar o que se quer, o amor.
O amor…
Deixemos as lojas, os acessórios pertencentes e as pessoas que lá vão. Era isso o que a menina de pele branca e cabelos bem pretos buscava.
Continuemos a passear com a graciosa menina pelas ruas…
O vestido branco com pequenas maçãs vermelhas desenhadas passeava agora pelo parque. Velhos jogavam dominó, crianças atiravam areia umas nas outras, o pombo voava e ao longe era possível ouvir o som de um piano vindo de um conservatório de música…
Aquele era seu mundo, era onde queria estar, era o que conhecia.
As batidas sonoras paulatinamente acompanhavam o pulsar do seu coração.
Pensava em pernas que se entrelaçam, um par de saltos alto preto e um calçado masculino de cor preta também, bem lustrado.
O Louvre, os senhores de terno que saem a trabalho com suas bicicletas, os quadros espalhados pela cidade, o bar, pintores, moças com suas saias compridas e delicadas, perfeitamente costuradas.
O canto da boca repuxado deixando transparecer discretamente um sorriso.
Já esquece a discrição a essa altura, afinal carrega o sorriso nos olhos.
Onde e quando?
O violino, o vendedor de legumes, os queijos, os barcos, a paisagem, Notre Dame, o rapaz que vendia chaveiros prateados, a Torre Eiffel...
Tudo como se estivesse numa moldura.
Arc du Triunf, au revoir!
Estação D’Gaulle…
Os rapazes tocando violão nas escadas, o senhor de cabelos brancos que cantava ganhando a vida no metrô. Ganhando a vida e ganhando vida através de tantos transeuntes que por lá circulavam.
Ela era desatenta.
Tão atenta ao mesmo tempo, no que diz respeito às pequenas coisas, ao tratamento suave; enxergava coisas que só ela própria era capaz de ver, como se visse vida na extinção. Talvez fosse a alma leve e flutuante que a fazia ser assim.
Amelie talvez foi a criação ‘requintada’ de Macabéa, a nordestina sonhadora que não desgrudava de seu inseparável rádio de pilhas, a contempladora de vitrines inexistentes, curiosa ao extremo por sempre querer saber o significado de expressões e palavras que soavam estranhas ao seu ouvido…
A menina que queria aprender a datilografar depressa morreu de sonhos. ‘Morte morrida ou morte matada?’ – como diria Severino, criação e filho único de João Cabral de Melo Neto.
… A parisiense era a nordestina revestida com roupas delicadas e bem cuidadas, vítima da cultura exposta e imposta.
As principais diferenças talvez fossem a localização de continentes e o meio social em que viviam, logicamente. Algumas divergências irrelevantes não precisam ser pontuadas.
O interessante não tão interessante é que sofriam de um mal cego: a solidão. A falta de carinho e de amparo sentida desde pequeninas, a falta de segurança, e, assim sonhavam de olhos abertos, à tona e inconsequentemente.
O sonho encobria a dor.
A injeção de imaginação em alta dosagem permitia que ficassem anestisiadas por um tempo ilimitado.
… Felizmente Poulain não foi de encontro com nenhum carro de marca importada, nenhuma estrela de cinco pontas cruzou o seu caminho. Apenas a estrela que lhe ensinou a direção.
Foi feliz na velocidade apaixonante de uma motocicleta. Voou com as asas da determinação. O desejo do ‘querer concreto’ foi maior do que o medo, cortando assim o efeito até então prolongado da injeção de sonhos.
Manifesto para que muitas Macabéas se tornem Amelie’s Poulain.
A seu modo, sem fantasiar o inexistente a todo momento, sem precisar usar sapatos de boneca para adornar o cenário e o contexto, simplesmente com a vontade despertada no peito de se querer mais e de se gostar mais, à maneira bela, porém real de se enxergar o rumo…
CX.
20/11/07

novembro 19, 2007

Pela janela...

Foi inevitável.
A atenção até então desviada, notou fulgurante criatura que pousava interrupta no céu.
Pensou num instante; intacta como se apresentava, repleta de admiração, portando as mãos entrelaçadas nas pernas como quem busca um desejo no ar e leva o semblante de alguém que sonha alto nesta altura, ou como quem obceca-se com a cena recente mais terna que já poderia ter existido, que outros seres em qualquer parte do mundo poderiam estar contemplando tão majestosa figura, simultaneamente. Como se através dela, os olhares se introduzissem em sua superfície até se encontrarem.
O mistério da vida.
Quantos olhares não penetraram no decorrer dos pensamentos? Ligação de almas que têm a força de estarem em um ponto do universo muito distante geograficamente de outro, repito, apenas geograficamente, e serem conectadas pelo seu brilho. Fantasia…
Cintilação que sugere poesia.
Tenciono em versos e trovas.
A mente inquieta quer compor enquanto vaga pelo tempo e pelo espaço.
Palavras fazem companhia. Com o acréscimo do cortejo da música, o momento dá-se por perfeito e completo em toda a sua extensão.
Naquela altura, a audição estava tomada por uma canção tocada num filme de Almodóvar...
Emoção apreendida no peito à espera da comoção.
Os dedos agora pousados no rosto com as mãos apoiadas no queixo, o topo da cabeça inclinado, pescoço estendido, lembranças flutuantes ao som do violino que ritmava ainda a mesma melodia…
Levanta-se e volta.
Contempla mais um pouco o inadiável. Menciona a Lua como a bailarina principal do céu, imóvel ou não, misteriosa, oculta ou explícita, astro essencial da noite, livre de qualquer dependência.
Faz um pedido com a inocência de quem joga uma moeda na fonte mágica da vida e espera com pureza que se torne real; trazendo à tona a idéia de suas memórias lúdicas e tão reais ao mesmo tempo, que o encontro é simplesmente possível se deixar-se ficar apenas um minuto e passar a fixá-la…
Posicione-se, mire com a direção mais bonita que cada ser humano carrega dentro de si, encha o coração dessa luz irradiante e eu estarei esperando-o lá.
Lá…
Cá…

CX.
16/11/2007

novembro 10, 2007

O foco, enfoque

" Estrela
Brilhe,
Brilhe.
Necessito do brilho
Que brilha,
Que faz viver,
Que acende a chama lá
Dentro e faz
Reviver.
Precisão de vida, de
Amor, paz interior…
Apaga não "

CX.
Ontem e o para sempre.

outubro 01, 2007

Sentimento oculto

O toque,
Suave maneira de sentir.
O olhar,
Caminho para se entender…
A lembrança de um quadro traz à tona o aspecto da leveza…
Enquanto as cores buscam a singularidade do momento presente,
Acompanhadas das variações de tom que conseguem expressar todas as intenções,
De acordo como elas são representadas,
De acordo com o que se vê pelo espelho da alma.
Já quero o querer de nem saber o que se quer.
O som que se escute,
Que se quer mais,
Da melhor forma que possa ser compreendido.
O sonho através da textura que se toca,
Se cheira;
Completa o cenário dos cinco sentidos…
Humano.
O erro e o acerto de mãos dadas.
Vontade é a iniciativa,
A coragem…
Que é o não sentir frio,
Não o da temperatura que se arrefece;
O frio da insegurança,
Que pode vir com pequenas porções de inferioridade;
O medo de se aceitar e o de ser aceite.
Ansiedade é a pressa do acontecer…
Como a espera do sol quando lá fora só chove;
Como a espera da chuva para o renascimento do sertão.
Final é quando se pode olhar para trás com o entedimento dos atos realizados,
Das coisas acabadas,
E o começo de novos planos.
Dimensão.
E para concluir talvez o "ouvir" seja necessário para que se possa até falar mais,
Filtrar,
E saber a importância de se estar ali.
C.Xicatto, R.Rudge
Jul/07

setembro 19, 2007

Sem fim

Optaria por viver assim…
Um tempo mínimo em cada lugar;
O tempo para aprender;
O tempo para fazer e ter amigos;
O tempo para apertar o coração quando a saudade bater;
O tempo para se sentir sozinha e perceber que é capaz de enfrentar…
O tempo para respirar o ar daquela cidade;
De sentir a nostalgia entrelaçada com as imagens que vão passando ao longo do percurso do trem,
Como a cena de um filme que precisa ser revista até ser entendida;
De andar à noite à procura de algo e voltar para casa com a sensação de que basta estar consigo mesma.
O tempo para transmitir coragem aos que têm dúvida,
Mesmo de repente não a tendo por completo.
Balbuciar uma palavra sincera a quem precisa,
Talvez até com a necessidade de ouvir.
Sorrir de maneira espontânea.
Pensar em todas as experiências vividas,
Nem sempre só tida de bons momentos e,
Ter a ciência de que mesmo àquelas tristes foram proveitosas
Para aprender mais e saber valorizar o momento seguinte…

CX.
Agosto/07

setembro 12, 2007

Inconstância

Olha,
Deixa o tempo levar.
Quando estiver dormindo de olhos abertos,
Talvez é bom não despertar.
A água corrente leva o que foi,
O que é, deixa estar.
Encontra as palavras para transpor.
A menina já se maqueia,
Pensa que o brilho da boca, “alumia” a vida.
O homem ainda gosta de ver o papagaio no céu.
A senhora ainda costura seu passado,
Crê na linha que coze a vida.
Helena ainda calça os sapatos da mãe para se sentir adulta.
O ser humano ainda carrega a sensação de que não consegue aproveitar da melhor maneira seu tempo;
Procura fórmulas, inventa amores, tenta curar as dores…
O cachorro ainda passa por debaixo da porta.
Ainda espero sua carta.
As bonecas têm nome.
As fotografias têm vida.
Soneto da transformação,
Que pode chamar loucura ou solidão.
Procura na lista, nomes.
Encontra dúvidas,
Ao invés de respostas.
Em telefonemas encontra alienação ou amparo.
E volta a pensar no tempo citado...

CX.

maio 10, 2007

Berbere


Uma noite a princípio sem estrelas.
A longa espera pelos seres irracionais (tão racionais) que não vinham…
Ventava muito.
Apesar da escuridão, era preciso usar os óculos de lua para proteger os olhos.
Durante o caminho, o pensamento ía longe.
Longe de tudo e tão perto de si mesmo.
Expectativa sacudida.
Solidão completa e reencontro.
O homem portava panos simples, andava horas a fio a ser guiado pelo clarão das estrelas.
Mirava o brilho e seguia.
Andava muito, muito.
Trabalhava demasiadamente.
O pé que pisa na areia afunda;
Enterra ali suas vivências, suas más experiências…
A dor física já não havia,
O corpo já estava habituado.
Os dromedários seguiam em fila.
Garrafas, roupas e pertences pendurados.
O destino fez assim.
Depois da refeição feita sem talheres,
A mão que prepara os alimentos produz som no tambor.
A cada sorriso, o surgimento de uma nova estrela.
O céu agora estava inundado de luz.
A lua cheia estava ali intacta para completar o cenário.
Todos numa roda envolvidos pela música que fazia estremecer o coração.
E o homem que falava cinco línguas, era o homem que puxava os animais.
Que passava uma vida no deserto a relatar que a cada fim de seu dia era diferente...
Era uma história. Uma estória.
Incentivou o aprendizado, o enxergar bonito das coisas.
De valorizar a pequena flor que pôde nascer em meio a tanta seca.
A tanta morbidez e a tanta vida escondida ali.
Ao calor insuportável e ao frio…
Ao calo seco, o machucado cicatrizado.
...Que é a vontade de aprender, "é a gana", segundo suas palavras.
E a essa gana que escrevo.
A essa incrível percepção de que cada momento é peculiar, cada vivência tem sua importância e que cada pessoa é única.
À gana.
À vida.

CX.
09/05/07








abril 27, 2007

Segunda-feira


Folha branca de papel.
Hoje marquei um encontro.
Não para saber de outras idéias, outros planos, outras dores, outros amores, negócios ou compromissos.
Um encontro comigo mesma.
Para saber minhas idéias, organizar os pensamentos, esquecer as dores, os descontentamentos.
Pano laranja estendido na areia.
Tentativa da miragem de ultrapassar o oceano.
Sentir a brisa na face.
Pensar longe e também estar aqui.
Não se importar que hoje é segunda-feira.
Querer mudar o ritmo repentino.
Aceitar o diferente.
Talvez nós no domingo.
Mas quero aproveitar o agora.
Repensar nas palavras de um amigo que dizia que a melhor conversa é aquela com o mar.
Aqui estou para molhar minhas palavras.
Inspiração.
Respira.
Repara nas ondas que nunca são as mesmas.
Se junta, se forma, navega, desliza, desmancha...
O sol vai se pondo.
CX.
23/04/07

abril 23, 2007

Noturno

Parece que o mundo está rodando.
Tudo, todo num momento só;
Numa cena só.
Atores entram em cena.
À noite, o mundo vira festa.
Permuta de comportamentos.
A mulher pensa que é menina.
A menina finge ser mulher.
O ancião porta-se com quinze anos a menos.
Transformam-se as pessoas...
Transfigura até o olhar.
O som persuade à sedução.
O cenário é o desejo daquilo tornar-se duradouro.
As luzes que continuam a piscar.
Rosa, Vermelho.
Mais um copo.
Preto, Verde.
A eterna disputa.
Busca.
Àqueles que reprimem …bar…iglossia,
A vontade da conquista,
Mais um passo.
O descompassado e o peso de bar…iencefalia...
Dificuldade de se encontrar.
Movimentos.
Deslembra a maquiagem.
O novo.
A expectativa.
Acabaram-se as palavras.
Saliva secou.
...Azul,
Já é dia!

CX.
23/04/07

abril 11, 2007

No fundo

No espaço do nosso contexto
uso desse texto
mero pretexto
para dizer o que sinto
quando minto
que é fácil a solidão.
No mundo da razão
abandonado pelos sonhos
que dormem nas lembranças
perdi meu cavalo
durmo em sono profundo
no fundo tem um fundo

Victor Calil
22/03/07

Obrigada pelo presente, meu amigo!
Saudade dos nossos dias de viola e música boa no quintal!
Até sempre!
CX.

abril 03, 2007

Eclipse

Eu vi dentro da lua a esperança de continuar a acreditar em tudo aquilo que trago comigo; o barulho do mar foi minha trilha sonora; de comprovar no reflexo da intensidade de seu brilho, uma vontade louca de querer viver; de amar; de sorrir e de chorar; de cantar a música do meu instante; de criar; de estar.

CX.
Mar/07...
A uma pessoa que está longe e tão perto ao mesmo tempo...

março 13, 2007

Regresso à Itália

“ Não queria estar presente ao ver você partir.
Prometo que as lágrimas que cairão dos meus olhos, serão lágrimas de amor.
Saudade…
É um sentimento que às vezes machuca,
Dói na alma, fere o coração.
Mas, há a saudade-lembrança,
Aquela que vai passando um filme em nossa mente, cada vez que lembramos dos momentos bons que já vivemos.
Lembrança…
Algo que nos faz pensar naquela pessoa tão especial, naquele anjo tão bom que está longe.
Parabéns…
Pela mulher incrível que você é!
A mulher corajosa, a mulher-mãe, a mulher-professora, a mulher cheia de atitudes e personalidade que faz meu orgulho crescer cada vez mais;
Orgulho de saber que uma pessoa tão maravilhosa fez e faz parte da minha vida.
Encanto…
Você olhou para fora e sonhou…
Olhou para dentro e despertou.
E o que há de mais importante nessa vida, senão, agir com o coração?
O que há de mais importante nessa vida, senão, o amor?
O sentimento mais puro que existe, assim como a doçura de uma criança;
Algo que faz você lembrar daquela pessoa tão especial , mesmo que não seja lembrada.
Que Deus te abençõe muito, mais do que já é abençoada; por ter essa missão de anjo, e por saber que as pessoas que a amam, lembrarão eternamente de você “


CX.
27/04/2001
Encontramo-nos um dia em seu lindo país, amiga e professora Keila...
Baci!

março 08, 2007

A última dança

Gira.
Um passo errado…
Um sorriso como quem quer reparar o erro e começar tudo outra vez.
A cabeça que acompanha o corpo…
A espontaneidade de transformar os olhos em lábios risonhos.
O passar de braços que se confundem, se entrelaçam e tornam uma coisa só.
Pernas que não param.
O ombro acusa uma afirmação.
Aceitação.
E gira, gira.
O desejo de que a música toque até o amanhecer, que o movimento da dança que une aqueles corpos, nunca mais termine.
Junto da vontade de esperar o silêncio se aconchegar para que se possa dar nomes àqueles braços, àqueles lábios, àqueles olhos, àquelas pernas e fazer permanecer o ‘eternamente enquanto dure’ aos dois corpos envolvidos pela magia.
E continuar a rodar pelo salão…

CX.
2/03/07

março 07, 2007

Ciscoé

Dom é fazer sorrir a quem carrega o sofrimento.
É levar o alimento do amor a quem tem o ódio.
É proporcionar o prato cheio a quem tem fome.
É falar a palavra certa quando a dúvida invade, e deixar com que o silêncio não se responsabilize pela falta que já foi cometida.
É ir atrás mesmo sabendo que não está errado.
É solicitar ajuda quando o orgulho invade a alma.
É oferecer mesmo sendo renegado.
É estar presente quando não se tem ninguém.
É agir de maneira correta, na hora em que for preciso.
É a clareza que entra na hora do mal-entendido…
Definição é inventar coisas e tomá-las como se fosse verdade.

CX.
2006

fevereiro 09, 2007

Natural

Entender o porquê das coisas queremos tanto.
Por que é deste jeito e não de outro?
Egoísmo surge?
Passa,passam.
Olhares despercebidos ao longo de um dia.
Desatentos.
E vai-se a vida.
A flauta na gaveta.
E cadê...?
Uma lágrima à longa distância.
O violão no canto do quarto.
Tatear os botões e ver a claridade.
Fotoalegria.
Saudade.
O vento soprando os cabelos.
O telefone gritando lá longe.
Lembranças.
Comentários sinceros.
Antigas viagens.
Buzina desconcertante.
Um doce sorriso.
Espera.
Deixa eu pegar uma caneta e começar tudo outra vez.

CX.

janeiro 30, 2007

Genève


"Viajar é olhar. Aos poucos dei-me conta de que fotografava para mim, como se quisesse agarrar na câmara e prolongar eternamente o instante perdido a olhar todas as coisas. E paulatinamente, fui largando para trás toda a parafernália fotográfica que sempre me acompanhava.
Por um lado, tenho pena, porque gosto do ato de fotografar; por outro lado sinto-me infinitamente mais LIVRE, viajando só com o meu olhar e apenas podendo dizer à chegada: 'Declaro que vi coisas extraordinárias, de que nenhuma fotografia poderia dar testemunho real' "
MT.
02/01/07

janeiro 26, 2007

Singelo

Palavras soltas
Outras,
Presas na introspecção do ser, de qualquer ser;
Costumam destruir o que nos incomoda...
Mesmo indo ao longe,
Talvez desconhecido,
Leva seus anseios e carrega o medo do medo de não dar certo.
Sente saudades.
Às vezes ri; às vezes chora...
Pensa no diferente.
Olha pra fora e sonha.
Porque ainda não descobriu que é olhando pra dentro que se desperta.

CX.
16/05/05

janeiro 18, 2007

Apego ao desapego

Fecha a porta e deixa os problemas do lado de fora.
A fumaça que atravessa a sacada e chega junto com a observação do abajur aceso, compondo o prédio sem cor.
Perdura o instante e pensa em coisas vãs.
A dificuldade de se expressar e de descobrir o que se sente.
O abstrato conforta o algo que não se sabe.
Agarra as palavras para exprimir o espremido.
Poesia é deixar o desejo falar por si só, como se não restasse no mundo, mais ninguém, além da Arte encoberta pelo segredo.
O ritmo, o pulsar.
Abre o coração como se mexesse na caixinha de música e permitisse a entrada da sintonia de pequenas notas doces trazidas pela lembrança deste objeto, e fizesse com que a realização do vôo pelo espaço vazio acontecesse.
Pensa no fogo que não aquece, mas que ao mesmo tempo, queima e faz ferida, e na canção que anseia ouvir no momento em que for preciso ser tocada.
Na beleza das cores e do brilho. No afeto de singelas formas de carinho; no desaparecimento necessário da excessiva preocupação que não precisa estar ali; no terno e no eterno.
A imaginação que não imagina, nem cria nada neste curto pedaço de folha. A mesa que balança e agita as expectativas.
E a sensação do 'vem correndo me buscar', que cá estou à espera de nem sei o quê.
Vem o fim que não termina, o começo que não faz sentido e o intervalo do minuto em que se aguarda.
Mas continua a embalar-se pelo dedilhar de cordas, toques, e a lacuna que em alguma circunstância será preenchida.


CX.
17/01/07

janeiro 10, 2007

...Direção...

Nem amanheceu o dia e entra o casal de velhinhos naquele meio de transporte estranho. Estranho, porque era muito pequeno e um tanto desconfortável.
Estavam a caminho do hospital para os exames de rotina...
A senhora vem caminhando na frente apoiando-se nos ferros para não cair, o velhinho segue atrás acompanhando-a.
Ela senta em um banco ao lado de uma recente "amiga" e passam a conversar. Conversar era uma das coisas que ela mais gostava de fazer, além de preparar as pastas no domingo para o seu velhinho...
Ele permanece sentado mais à frente, estica os olhos seguidamente para trás a fim de observar a sua senhora; nesta altura já muito enciumado. – Ele deseja a companhia dela por completo.
...
Anos e mais anos de casados; o acordar; o aprender; o compreender; o compartilhar; o amadurecer; o envelhecer...juntos.
...Demora um bocadinho e a velhinha vai se sentar ao lado do seu velhinho.
"_Eu já estou aqui." – diz ela.

...É hora de descer.

Ele diz:
"_Chimbica, vamos embora!"

Todos se riem...

- E tudo isso pra dizer que talvez o caminho do amor seja por aí...

CX.
août,2006.
E um novo Ano maravilhoso!

dezembro 18, 2006

O repouso


Dorme e vai à pharmacie. A televisão, o ninho, Cuba, a América do Norte, os espanhóis, a janela, fechar, jogar fora as maçãs estragadas, o telefone que toca e não toca, abre a porta da geladeira para pensar, as roupas, o controle, banho, o algodão, varrer, arrumar, argh!, regar as plantas, a saudade, a sopa que a amiga fez, pregador, queijo, vasilhas, granola, potes, o sorvete que não pode, o leite, relógio, chá com torradas, o lixo, saco plástico, banheira, vida selvagem, toalha, ‘is the truth out there?’, e.t., caneta, Mr.Tambourine Man, fotografias, companhia, email, “de tanto doer meu coração parou”, Bob Dylan, shampoo, arte, incenso, bolacha na despensa, não tem ninguém, bar, choose your future, o encaixar palavras, mãos, apaga a luz, rascar, medo passageiro, cd, varal, solidão, frio, aquecedor, madrugada, jojoba, chave, presilhas, cotonete, alicate, jantar, der teller, histórias, kartoffelsalat, escuro, fische, festas, erbse + karotte, namoros, wein -ai!, der tisch, nachtisch, eita!, fita adesiva, o abraço, visita, o susto, Dream a little dream of me e as lembranças do teatro, do canto do palco, Noturno, compota, sono que não vem, papel, botão, Ella Fitzgerald e a rede, casaco, tomada, pilhas, casa, voar sem horários no barco ébrio do tempo, calendário, Musée du Louvre, agenda, candeeiro, estojo, dicionário, o querer esquecer, livros, Ilha do Mel, o travesseiro, a flor no copo, o som, a caixa de chocolate, o sol, o Timor, a cadeira, a cortina, o vaso colorido e o trazer do mundo e colocá-lo desarrumadamente neste espaço.

CX.
17/12/06

novembro 30, 2006

...Era assim

Arrumava a cama quase que diariamente para que o anjo da guarda fosse visitá-la. Talvez fosse sua excentricidade despertada em ser organizada.
Não conseguia controlar muito bem o tempo, às vezes não o compreendia.
Procurava acreditar que todas as pessoas eram boas, ainda que a vida lhe tivesse dado algumas decepções. “Acorda menina, não vês que o mundo não é bem assim?”
Não gosta de se sentir só, embora precise estar de vez em quando.
Já se imaginou em tantos lugares…
A avó costumava puxar uns galhinhos da árvore para benzer a menina.
Na escola perguntaram-lhe quando criança o que queria ser e ela respondeu: “_Bailarina”.
Quer ir embora…para algum lugar…Sentir seu coração feliz.
Sonha em construir um dia…uma família.
Tem livros que nunca leu.
Tem pessoas com um fardo de tamanha importância em sua vida, principalmente sua mãe.
Quando não está bem lá, não fica bem aqui. E vice-versa.
Não sabe se está seguindo o caminho certo. Põe à prova.
Já sentiu a falta de muitas pessoas e tem a certeza de que irá sentir – saudade de muita coisa que já viveu.
Considera que a música realmente transfere sentimentos à vida, por isso a admira tanto.
Faz alusões a coisas anteriores. Tudo é sequência.
Adorava fazer redação e não gosta de escrever em primeira pessoa.
Larga a caneta e corre atrás da felicidade.


faz tempo...

CX.

novembro 08, 2006

...Depois do jantar...

Quem dera

Sua nobreza me derruba,
Sua nobreza não me dá a mão,
Sua nobreza me derruba...
Para além do chão.

Sua atitude te condena,
Sua atitude te condena à solidão...
Vai chegar a contramão
Vai chegar a contramão.

Desce daí...
Daí você vai ver o que é o amor...
Daí não existe flor.
Quem dera,
Quem dera me ajudar a contemplar
O verdadeiro amor...
O verdadeiro amor.

Fazendo eu perceber assim,assim
Que o tempo não passou.

Rodrigo R., João Victor e Camilla X.
25/10/06

outubro 23, 2006

Muitos pensam mudar o mundo, mas poucos pensam mudar-se a si próprios.

Leon Tolstoi

outubro 12, 2006

Como uma criança

...É a vontade de estar em diversos lugares
e de estar em um só ao mesmo tempo.
Da ânsia de abraçar o mundo,
mas a qualquer hora desejada poder desfrutar de um abraço.
Conhecer novas pessoas,
embora manter os conhecidos seja mais difícil.
De sumir e querer se encontrar em determinado percurso.
De poder falar abertamente, agir com naturalidade, ser uma criança às vezes...
Chorar quando sentir saudades e rir quando e aonde bem entender.
Sair correndo na chuva quando há dezenas de obrigações.
Valorizar quem está longe, quando se está longe e mais ainda quando estiver perto.
Não se preocupar em pintar o passado, apenas desenhar o presente e ir colorindo- o aos poucos.

CX.
...2006

outubro 05, 2006














na hora de pôr a mesa, éramos cinco: o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu. depois, a minha irmã mais velha casou-se. depois, a minha irmã mais nova casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje, na hora de pôr a mesa, somos cinco, menos a minha irmã mais velha que está na casa dela, menos o meu pai, menos a minha mãe viúva. cada um deles é um lugar vazio nesta mesa onde como sozinho. mas irão estar sempre aqui. na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco. enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre cinco.
José Luís Peixoto

outubro 04, 2006

Enunciam que passamos a valorizar algo ou alguém ainda mais depois da percepção de perda. Receio isso. É. Dúvida acompanhada do temor de não saber aproveitar o momento que tenho nas mãos, devido a sonhar; já que sonhos nos levam para longe ao mesmo tempo em que nos fazem ficar. Acho que já desvalorizei, em algum instante. Incerteza provinda há pouco do livro de Saint-Exupéry: o peso maior é ser cativado ou cativar? E minha flor, onde estará? Necessito preservá-la.
"Sou tão pequenininho de cima da pedra mais alta". Minha pedra é a multidão. Somos tão pequenos diante dela. Já fui desvalorizada. Os dois lados de tudo, parte oposta a outra. Admiro a ambiguidade das letras de Chico. A frase do Baleiro que diz que o maior desejo da boca é o beijo. Oswaldo que suplica levarmos o coração feliz aonde quer que vamos. A música cria a ilusão do deslocamento de pessoas e ocasiões. Transfere sentimentos à vida. Reflito com a asseveração de Anitelli - "os opostos se distraem, os dispostos se atraem". Desejo conhecer novos lugares e pessoas. O suficiente para discernir o querer do não querer. Já que o que pode me causar prazer, ao outro pode gerar sofrimento. Faz sentido. Dentre tantas dessemelhanças, temos a mesma natureza.
15/04/06

CX.

setembro 06, 2006

Poema mal acabado

A criação de cenas bate na porta do meu pensamento. Tento recusar seu convite, mas ela insiste em entrar. Permito que isso aconteça?
Enquanto isso espero o sono chegar.
Ligo e desligo o abajur.
Clareia minhas idéias;
Ilumina o meu sentir.
A emoção que ora procura saltar do peito;
Inexplicável sensação de agir.
Ouço a mesma música inúmeras vezes.
À noite é que nos encontramos.
No escuro do quarto tentamos decifrar antigas palavras, antigos desejos.
Lembra do teu presente. Do teu segredo. Teu tesouro escondido.
Joga fora seu medo.
Tenta você fechar os olhos...
Acreditar...que ainda e sempre possamos acreditar.
Repara naquela criança. Cuida dela para que seja um adulto refletido de sonhos.
Vou entrar no carrossel do espaço. Aviso-te quando for descer.
Quando vem a inspiração corre atrás de uma caneta.
É desordenando que se espera a formação.
Simples sofisticado.
Gosto da discrição...
Não se lembre de ter ouvido que as pessoas são substituíveis. Guarde-as quem ama dentro de você.
A maturidade corre o risco de vir acompanhada por pequenas porções de amargura. Esqueça seus resquícios.
(Sabe o que que é?) Perguntaram-me certa vez como é que se descarrega um coração.
Acho que ainda não sei fazer isso.
Não quero fazer da palavra saudade um costume diário. Mas que às vezes uma invasão ocorre em nossa alma, isso é inegável.
Carregar a afirmação de que no final só podemos contar com nós mesmos?
Desperdício e desgaste. É melhor não dar crédito a isso.
Enfeita e inventa.
Junta os pedaços. Constrói o infinito.
Tento responder agora...Não se descarrega um coração!
O Homem é feito de lembranças, pequenos pedaços de vida.
No dia em que não tiver mais nada dentro dele, ele terá deixado de existir.
E o coração por si próprio vai selecionar o que quer ter em seu interior e o que não quer.
Será que é simples assim?
Apaga a luz...que amanhã tem mais.

CX.
18/08/2006

setembro 04, 2006

Mistério. Cada vez mais incomum, causa da ilimitada curiosidade humana. O mistério da descoberta a cada dia. O pé na estrada e a cabeça nas nuvens. Do deixar acontecer. Da tentativa de não errar mais. Da coragem de enfrentar o medo. Céu estrelado. Da luta contra o receio. E a lua expondo sua forma pra completar o cenário. O não-obscuro. Simples. Simplidade. Ausência do ci sim. Sintonia com a felicidade. Assim ficou. E a música tocando lá longe. Junto com o brilho no olhar 'sonhando com o sonho' do possível. Pois quem disse que sonhos são impossíveis? De fundo a sábia conclusão publicada de que "nos tornamos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos"... Fechando as cortinas...com a certeza de que o "essencial é invisível aos olhos...pois só se vê bem...com o coração..." O aceno ao fundo da espontaneidade de uma criança...e um pequeno príncipe...despertando dentro de cada um de nós.

escrito algum dia desses...
CX.